BJCP 2015 – De tempos em tempos, o BJCP (Beer Judge Certification Program) revisa seu guia de estilos. São diretrizes de estilo de cervejas que servem para formatar competições de cervejas caseiras, mas muitas vezes são usados em competições de cervejas registradas e ainda para definição de um estilo que uma cerveja queira inscrever num determinado concurso “profissional”.

Estas orientações são tomadas como verdade absoluta por alguns, enquanto outros optam por interpretá-las como bem entenderem. Sem fugir do foco do post, podemos dizer que a emissão destas orientações e suas revisões sempre refletem o mundo da cerveja em sua época atual. A última revisão era de 2008. Sete anos depois, o BJCP lança uma nova versão (que você viu aqui) com grandes mudanças e notáveis novidades. Mas o que realmente interessa?

A categoria de IPAs (India Pale Ales) cresceu! Como os tempos mudaram! Em 2008, qualquer IPA que não fosse uma Imperial, era classificada como americana (AIPA) ou como a clássica English IPA. Agora temos Red IPA, Rye IPA, Belgian IPA… Nada que já não existisse no guia da Brewers Association e claro na prática, mas agora o BJCP coloca-as todas num só saco, chamado Speciality IPA. Ah sim: Britsh IPA foi extinto.

A categoria Sour continua existindo (chora pessoal que insiste em dizer na 3ª família) e criaram (com um excelente bairrismo) a categoria American Wild Ale. Buscando lançar luz sobre amplo leque e por vezes incompreendidas wild ale americanas, as guidelines de 2015 quebram-as e separam-as em 3 partes: Brett Beer, Mixed Fermentation-Sour Beer e Wild Speciality Beer. As Sours de fora dos EUA são tratadas agora como European Sour Ale e as categorias Lambic e Flandres Red Ale continuam como denominação de origem. 

A maior novidade positiva ao meu ver é a categoria Historic Ales (Cervejas Históricas):

“Quando começamos a revisão das guias, ninguém estava fazendo Gose. Agora é a cerveja do momento”

diz o presidente do BJCP, Gordon Strong.

Strong: na mira dos monges

Para refletir um interesse crescente em estilos históricos como Gose, Lichtenhainer e London Brown Ale, são agora subcategorias.

A ideia principal do BJCP é a de se tornar um Guideline mais global e menos americanziado.

sim, se você tem uma dessas, dobra e… guarda.

Por fim, creio que a categoria que mais desagradou foi a de tornar uma doutrina metódica em um estilo. Sim, estou falando do EStilo 26/2015: Trappist Ale.

“Trapista é uma denominação com proteção jurídica e não pode ser utilizada comercialmente, exceto por genuínos mosteiros trapistas que preparam sua própria cerveja. No entanto, podemos usá-lo (nota do editor: o termo) para descrever o tipo ou estilos de cerveja produzidos por essas cervejarias e aqueles que fazem cervejas de um estilo similar. Cervejas trapistas são todas as caracterizadas por alta atenuação, alta carbonatação natural (nota do editor: através de leveduras vivas, já na garrafa) e interessante (e muitas vezes agressivo) personagem de levedura (nota do editor: pense aqui na Orval…)”

O pecado está ai: “…e aqueles que fazem cervejas de um estilo similar.” Sim caro leitor! Segundo o BJCP você pode fazer sua trapista ai, nas sua panela de 20 litros e se orgulhar dela! Aproveita e pega aqui a receita da trapista amerciana.

Uma outra parte bacana é o chamado “Apêndice B” onde encontramos estilos ainda não estabelecidos mas que vem criando notoriedade e chamando atenção e já foram “pré incluídos”, com destaque para 2 estilos Argentinos! Eu senti uma dorzinha de cotovelo em não ter nada do Brasil ali, mas quando eu dizia que esse negócio de revolución e escola brasileira era só marketing eu era apedrejado. Ponto pros hermanos e suas Dorada Pampeana e IPA Argenta.

Choros à parte, o BJCP continuas sendo o Guia Oficial de julgamentos ao redor do mundo e todo avanço precisa de pedradas, erros e acertos, não sendo aqui diferente.

Sejam bem vindos ao novo mundo da cerveja (tirando o aumento brasileiro).

Saúde!

BJCP 2015 – O que realmente interessa